Hipnose aplicada à prática odontológica: uma revisão
junho 14, 2022 2022-06-14 19:34Hipnose aplicada à prática odontológica: uma revisão
Hipnose aplicada à prática odontológica: uma revisão
admin Os avanços tecnológicos modernos nas profissões odontológicas conseguiram resolver problemas que existem há séculos. No entanto, há uma variedade de distúrbios psicológicos e psicossomáticos que ainda nos desafiam devido à nossa ineficácia para curar pacientes que apresentam sintomas desses distúrbios. Embora o campo do tratamento da dor tenha visto um avanço significativo, muitas pessoas hoje em dia evitam ir ao dentista por medo ou ansiedade. A hipnose clínica parece trazer vantagens para a odontologia, pois ajuda a neutralizar o nervosismo e a fobia indefensáveis nos pacientes. Dentistas que fazem uso da hipnose são mais capazes de aliviar a dor e o medo de seus pacientes ansiosos. Este artigo fornece uma visão das vantagens da hipnose como terapia e explora suas aplicações na odontologia.
Palavras-chave: hipnose, odontologia, aplicação clínica
Revista Dental News – setembro de 2020
Emna Hidoussi Sakly – Universidade de Monastir, Faculdade de Medicina Dentária, Laboratório de Pesquisa em Saúde Oral e Reabilitação, LR12ES11, Monastir, 5000, Tunísia
Wiem Ben Amor Jemmali – Universidade de Monastir, Faculdade de Medicina Dentária, Laboratório de Pesquisa em Saúde Oral e Reabilitação, LR12ES11, Monastir, 5000, Tunísia
Neila Zokkar Benzarti – Universidade de Monastir, Faculdade de Medicina Dentária, Laboratório de Pesquisa em Saúde Oral e Reabilitação, LR12ES11, Monastir, 5000, Tunísia
Faten Ben Abdallah Ben Amor (faten.benamor@yahoo.fr) – Universidade de Monastir, Faculdade de Medicina Dentária, Laboratório de Pesquisa em Saúde Oral e Reabilitação, LR12ES11, Monastir, 5000, Tunísia
Introdução
A hipnose é pensada estereotipicamente como um método de manipulação e isso se deve aos mitos que construíram equívocos e representações mentais errôneas em torno dela 1 . Na verdade, o principal objetivo da hipnoterapia não é manipular o paciente, mas dar-lhe as ferramentas necessárias para retomar o controle de seus comportamentos, sentimentos e emoções. “Hipnose” é originalmente uma palavra grega que significa “sono”. Representa um estado consciente naturalmente modificado. O indivíduo entra em um estado hipnótico denominado transe, que não é induzido artificialmente e é diferente do estado de consciência usual 2 .
A observação de alterações neurofisiológicas afirma essa consciência alterada, que a diferencia dos estados de meditação ou relaxamento. Embora em estado hipnótico o sujeito esteja altamente atento à sugestão, ele mantém a concentração e mantém o potencial de tomar suas próprias decisões a qualquer momento.
Os dentistas que usam a hipnose regularmente em suas práticas clínicas apreciam uma variedade de vantagens significativas. Existem muitas e variadas aplicações da hipnose clínica na prática clínica odontológica. As aplicações odontológicas da hipnose incluem relaxamento, alívio de medos e ansiedades, redução tanto da percepção quanto da gravidade da dor durante os procedimentos, controle do sangramento e da salivação (tanto para aumentar quanto para diminuir o fluxo, conforme necessário), controle do bruxismo (ranger de dentes), sucção digital e outros hábitos e promoção de modificações comportamentais associadas à otimização da saúde bucal 3,4 .
Dentre muitas opções de manejo e modificação do comportamento, os hipnóticos são uma das formas mais antigas e não invasivas de controlar a ansiedade odontológica em crianças, adultos e pacientes geriátricos e, assim, obter um melhor resultado do tratamento e uma boa adesão e satisfação do paciente. o paciente.
Como funciona?
Acredita-se que a hipnose fornece acesso direto à mente subconsciente de uma pessoa 5 . Em essência, é o subconsciente que é o principal responsável por muito do que fazemos e como nos sentimos. A ciência concordou que a hipnose envolve estar em estado de transe, experimentando relaxamento ao mesmo tempo em que aumenta a imaginação da mente. Nesse estado, onde o subconsciente é liberado, observamos uma alteração na composição das oscilações neurais principalmente nos canais do Córtex Pré-frontal e occipital direito do EEG 6 . A mente é extremamente suscetível às sugestões do hipnoterapeuta, que empurram o foco dos sujeitos para seu mundo interior para influenciar sua percepção, sentimentos, pensamento e comportamento. Mas, para ter efeito, as sugestões devem ser aceitáveis para o sujeito.
Uso da hipnose na prática odontológica
A hipnose pode trazer um alívio considerável aos pacientes ansiosos e facilitar o trabalho do dentista, mas é particularmente implementada para ajudar os pacientes a relaxar. À medida que o relaxamento aumenta o limiar da dor, a necessidade de anestesia local é reduzida. E mesmo que seja necessário, é melhor tolerado. Portanto, o uso da hipnose como estratégia geral de relaxamento é certamente possível e há relatos na literatura de seu uso em adultos e crianças 7, 8 .
Além disso, benefícios clínicos podem ser derivados da hipnose, como o controle da dentofobia, reflexo de vômito anormalmente ativo, dor na neuralgia do trigêmeo, dor orofacial crônica benigna, disfunção da articulação temporomandibular (DTM), adaptação a dentaduras, modificação de comportamento, como chupar o polegar, bruxismo. Além disso, a hipnose pode controlar o fluxo salivar e o sangramento. A xerostomia e a hemostasia podem ser produzidas por meio de sugestões hipnóticas, como visualizar estar em um deserto em um dia quente e perceber como a boca fica seca por causa da falta de água. As imagens mentais da ligadura de um vaso sangrante podem ser usadas para diminuir o sangramento após a cirurgia de tecidos moles.
A hipnose em crianças e adolescentes é possível, mas muito mais difícil de administrar do que em adultos. Também é verdade que nem todos são suscetíveis à hipnose, pois é evidente que esse fenômeno também tem alguma associação com a genética e a estrutura cerebral 9 .
A sugestão hipnótica também é usada no manejo de pacientes pediátricos. Isso envolve as técnicas de distração, reenquadramento e sugestões de imagens. É eficaz com crianças de 8 a 12 anos, mas mesmo uma criança de quatro anos pode apresentar responsividade 1 .
Além disso, o uso operatório da hipnose inclui analgesia durante a cirurgia. Foi amplamente substituído por sedação farmacêutica e anestésicos gerais. Ao utilizar a hipnose para analgesia, o paciente deve atingir a hipnose profunda, o que leva tempo, e ter um ambiente livre de distrações e interrupções 10 .
Métodos atuais de hipnose
Surge uma distinção entre um tipo profundo de hipnose e um leve e ambos têm aplicações diferentes. A hipnose profunda leva muito tempo, por isso não é adequada para a prática odontológica regular; no entanto, é necessário para analgesia e modificação de comportamento. Por outro lado, o estado de ‘luz’ é mais fácil e rápido de alcançar e é usado na hipnodontia diariamente; por exemplo, para relaxar um paciente nervoso em questão de minutos 9 .
Os dentistas têm que usar sugestões positivas gerenciando pacientes. Palavras ou ações que inspiram confiança no dentista aliviarão a ansiedade e o medo do paciente. Os métodos hipnóticos informais incluem o uso de enunciados como “você vai se sentir bastante confortável” ou “você vai gostar dos resultados” e isso pode ser uma técnica poderosa de manejo do paciente. As sugestões podem ser categorizadas em dois grandes tipos: diretas e indiretas 11 .
A sugestão direta envolve declarações diretas que são claramente compreendidas pelo sujeito hipnótico. Um exemplo seria: “não mexa a cabeça porque não vai conseguir antes de terminar”. A sugestão indireta usa a indireta ao abordar o assunto em uma forma de declarações hipnóticas encobertas. Ou seja, o sujeito é hipnotizado sem o seu conhecimento.
O exemplo mencionado acima seria dito durante uma conversa desta forma: “bem, você pode não conseguir mover a cabeça antes de terminar”.
Conclusão
A hipnose tem muitos usos na área odontológica, desde o simples relaxamento do paciente ansioso até a completa analgesia para cirurgia. A hipnose clínica pode ser uma ferramenta incrivelmente valiosa na odontologia.
Referências
1. Nicola A. Hipnose na odontologia moderna: Desafiando equívocos. Revista Odontológica da Faculdade 2015; 6 (4): 172-175.
2. Irina H, Barbara C, Andra C. Usando técnicas de hipnose Ericksoniana em pacientes com problemas dentários. Procedia-Ciências Sociais e Comportamentais 2013; 84: 356-360.
3. Lance MR. Apresentando a hipnose clínica para dentistas: desafios e estratégias especiais.
American Journal of Clinical Hypnosis 2019; 61: 276-289.
4. Kroger, WS. Hipnose clínica e experimental em medicina, odontologia e psicologia. Filadélfia, PA: Kluwer/Lippincott Williams & Wilkins. 2018
5. Lil N. O papel da hipnoterapia na prática odontológica. Enfermagem Odontológica 2013; 6 (4): 218-220.
6. Asma M. Revisão da hipnose clínica em odontologia. Mod Res Dent 2017; 1(4): 59-60.
7. Patel B, Potter C, Mellor AC. O uso da hipnose na odontologia: uma revisão. Atualização Dent 2000; 27: 198-202
8. Ramirez Carrasco A, Butron Tellez Giron C, Sanchez Aramss O, Perdant Perez M. Eficácia da hipnose em combinação com técnicas convencionais de manejo do comportamento na redução da ansiedade/dor durante a infiltração anestésica dental. Pesquisa e gestão da dor 2017; 1:1-5.
9. Singh et al. Hipnose “Uma Arte Perdida” em Odontologia Uma revisão. Rama Univ J Dent Sci 2017; 4(1):15-18.
10. Marque PJ. A neurofisiologia da percepção da dor e analgesia hipnótica: implicações para a prática clínica. American Journal of Clinical hypnosis 2008; 51(2): 123-148.
11. Yapko MD. Fundamentos da Hipnose. Nova York: Brunner/Mazel Inc., 1995.
